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Superdragas – Mega Máquinas Marítimas

Superdragas – Mega Máquinas Marítimas

“Holandeses sabem dragar, eles recuperaram sua terra do mar!”

Este é um velho ditado usado na dragagem e esta escrito assim no site da Damen, um dos líderes mundiais em construção e fabricação de equipamentos e tecnologia marítima, em especial para dragagem, além da Damen existe à consagrada IHC Merwede que constrói dragas e equipamentos desde o Século VII, isso desde a construção dos primeiros grandes diques (dikes em holandês), que possibilitaram expandir o território dos Países Baixos.

Hoje em dia a dragagem é uma mega indústria capaz de realizar obras monumentais, muito além de construção de mega portos ou apenas construir diques e quebra mares.

Dubai

Grandes projetos de engenharia civil só foram possíveis graças ao uso de super dragas, obras tais como construções que se tornaram maravilhas do mundo moderno, um grande exemplo é a construção das ilhas em Dubai, conhecidas como “Palm Island” – Palm Jumeirah (نخلة الجميرة, em árabe). Que consiste em uma mega ilha artificial composta por um grande tronco e 17 copas, além de uma ilha que circunda a palmeira. Nela 25 grandes hotéis de luxo estão em construção, além de residências para milionários. Foram mais de 12 bilhões de dólares gastos na obra, uma quantidade enorme de areia proveniente do fundo do mar foi usada para o aterro, calculadamente 3,257,212,970.389′ m³ – aproximadamente 92 234 000 metros cúbicos apenas de areia que foi “sugada” do fundo do mar. Porem boa parte das ilhas tem rochas de 1 tonelada cada bloco, essas rochas foram importadas, grande parte veio em navios batelões e despejadas no local.  Sem o uso de dragas gigantescas esta obra jamais teria sido possível em tempo hábil, pois a obra começou em 2001 e foi parcialmente entregue em 2007.

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Um curto filme mostrando algumas dragas modernas da Deme Dreading.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=FIro1Hl518A?rel=0]
As Dragas

Basicamente as dragas podem ser divididas basicamente entre: Auto transportadoras, de bombeio, escavadoras e trituradoras sugadoras. As superdragas que vamos abordar são as do tipo “Autotransportadoras” – Trailer Suction Hopper Dredger – TSHD. Atualmente estas são as mais desenvolvidas e de maior porte, além de serem grandes navios.

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As dragas de cisternas (TSHD) autotransportadoras, são embarcações que sugam material do fundo e depositam a bordo na cisterna(s). Uma vez a cisterna com carga completa ela navega até a área designada para “descarte” ou despejo, esse descarte geralmente é feito usando as comportas de fundo, porem alguns materiais como argilas tem a tendência de “grudar” nas anteparas da cisterna, por isso usam hidro jatos para dissolver este material enquanto é despejado. Já outras tem outro tipo de cisterna conhecidas como split dumper ou split hull, ou seja o casco é partido inteiro na linha de centro do navio (proa a popa), abrindo por completo pelo fundo, geralmente as dragas de menor porte usam tal sistema, mas existem algumas grandes.

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Porem existem outras formas para fazer o descarte, que pode ser para terra, através de uma linha de tubulações até a terra, ou usando uma manobra que chamamos de “arco íris” na verdade esse arco íris nada mais é do que o “recalque’ do material para fora da cisterna, sendo forçado por uma ou mais bombas, o material jorra no ar dissolvido em agua, e nem sempre a cor é bela como à de um arco íris.

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Algumas dragas também possuem esteiras ou caçambas de fundo que são usadas para se auto descarregar, lançando o material para terra ou fora do canal principal, usando um braço telescópico.

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As máquinas gigantes

As dragas são consideradas máquinas de “terraplanagem marítima”, é assim que as companhias de dragagem consideram seus navios, diferente das empresas de navegação ou petróleo, o ramo da dragagem esta mais para construção civil, porem com o advento das super dragas hopper, que são navios que sugam, transportam e despejam a carga; e com o uso de tecnologias cada vez mais sofisticadas como sistema de posicionamento dinâmico por exemplo, da qual estas embarcações tem status de navio, por possuir grandes e espaçosas acomodações, máquinas modernas e potentes, é preciso dispor de uma tripulação profissional, marinheira, e não apenas operários de dragas.

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Terraplanagem no fundo do mar

As dragas gigantes são responsáveis pela abertura de canais inteiros de navegação, isso ocorre com frequência em grandes obras portuárias. Com o grande aumento da tonelagem da frota mercante mundial, novos portos precisaram ser construídos, mesmo os antigos terminais internacionais como Rotterdam, passaram por grandes obras. Novos terminais foram construídos aonde anteriormente era terra seca ou pântanos, com o uso dessas enormes embarcações, foi possível transformar uma área que era apenas alagada com menos de 1 metro de profundidade em canais profundos de navegação, isto em poucos meses de trabalho. Mesmo as dragas gigantes, quando sem carga e sem lastro, possuem pouco calado, por isso podem começar a dragar em áreas alagadas ou com apenas um canal pouco profundo.

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Draga hopper Ham 309, operando na baía de Guanabara. - Foto: Erik Azevedo

Draga hopper Ham 309, operando na baía de Guanabara. – Foto: Erik Azevedo

 

Draga hopper de grande porte “Gerardus Mercator”, fundeada na baía de Guanabara.

Draga hopper de grande porte “Gerardus Mercator”, fundeada na baía de Guanabara.

 

Uma draga hopper (cisterna) como a Gerardus Mercator, tem mais de 18 mil metros cúbicos de capacidade de carga em sua cisterna, pode dragar facilmente profundidades de até 55 metros (podendo receber extensão para 112 metros), pois com 152 metros de comprimento e duas bombas de dragagem (sucção) com 3 mil KW pode descarregar também pela proa usando uma bomba de 14 mil KW, é apenas uma pequena amostra do que uma draga desse porte pode fazer, e esta não esta entre as maiores.

Dragagem profunda

As dragas hopper gigantes são especializadas em dragagem em águas “profundas”, atualmente podem construir valas para instalação de oleodutos submarinos, remoção de solo marinho para construção de turbinas para geração de energia eólica, da qual o fundo lamacento ou instável necessita ser substituído por um mais adequado. Também muito usadas para fazer “carga” de areia ou cascalho do leito marinho para despejo em terra, este tipo de obra civil é muito comum em obras de portos ou “fazer praias”, que na verdade é engordo de praias, e usaram uma grande frota dessas dragas nas obras em Dubai, na construção das ilhas artificiais.

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As “superdragas” possuem sistemas modernos de governo, praticamente todas elas possuem dois propulsores, além de bow thrusters e jet thrusters, e sistema de posicionamento dinâmico, e além disso possuem “dynamic tracking” (DT). Este sistema possibilita à embarcação, dragar com maior precisão e com menor custo, prevenindo trabalhos desnecessários, com isso à redução de consumo de combustível e energia dos sistemas.

Console do passadiço de uma draga gigante

Console do passadiço de uma draga gigante

Batelão para rochas – rock dumpimg ship

Batelão para rochas – rock dumpimg ship

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Aterrando/engordando praia

 

Para estes serviços gigantescos, foram construídos navios idem gigantescos, hoje já existe uma quantidade considerável de “superdragas”. Atualmente as duas maiores dragas em operação são gêmeas, elas são as hopper “Cristobal Colon, e Leiv Eriksson”, seguidas pelas igualmente gigantes, “Ham 318″, “Queen of the Netherlands”, “Vasco da Gama”, “Congo River”, e outras mais.

Todas estas “superdragas”, operam mundialmente em grandes projetos de engenharia civil,grandes obras como a construção do Porto do Açu, no litoral norte fluminense, ampliação de grandes portos europeus, e asiáticos, obras especiais como engordo de praias que estavam sendo tomadas pelo mar , abertura de profundos canais de navegação mundo à fora.

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A gigante “Cristobal Colon”, cisternas com capacidade para 46 mil mt³ – 155 metros de braço de dragagem- Foto Jan de Nul Dragagem

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Um dos braços da gigante “Leiv Eriksson” draga gêmea da “Cristobal Colon” – Foto Jan De Nul

Ham 318 com capacidade para 37 mil mt³ nas cisternas

Ham 318 com capacidade para 37 mil mt³ nas cisternas

Queen of the Netherlands – capacidade para 35 mil mt³ nas cisternas

Queen of the Netherlands – capacidade para 35 mil mt³ nas cisternas

Draga “Vasco da Gama”, capacidade para 33 mil mt³

Draga “Vasco da Gama”, capacidade para 33 mil mt³

Congo River – capacidade para 31 mil mt³

Congo River – capacidade para 31 mil mt³

 

Tecnologia de ponta

Em geral todas as dragas de grande porte possuem dois braços de dragagem, com bombas individuais, em adicional possuem uma bomba de imersão, esta bomba permite que o material do fundo do leito seja sugado com maior força, sendo possível dragar do fundo cascalho grosso, argila concentrada,por exemplo, e por isso nas “bocas de dragagem” (drag head), há acessórios como injeção de água em baixa ou alta pressão.

Além dos equipamentos especiais, temos softwares, que auxiliam muito os operadores de dragagem, estes softwares integrados aos equipamentos, permitem que o operador saiba em tempo real, quantidade de material dragado, peso, densidade, profundidade, distancia, velocidade de sucção, e monitora ainda a posição adequada de acordo com os sistemas de navegação do navio, além de indicar o tipo de operação ideal e segura.

Dois tipos de “drag head” modulares, podem ser montadas de acordo com a necessidade. http://www.vostalmg.com/

Dois tipos de “drag head” modulares, podem ser montadas de acordo com a necessidade. http://www.vostalmg.com/

Praça de bombas da draga “Vasco da Gama”

Praça de bombas da draga “Vasco da Gama”

Convés da draga sul coreana “Goryo 6 Ho” - was originally a Panamax bulkcarrier, converted in a trailer dredger in 2001, and equiped with IHC standard components. Owned by Hyundai Engineering & Contsruction

Convés da draga sul coreana “Goryo 6 Ho” – was originally a Panamax bulkcarrier, converted in a trailer dredger in 2001, and equiped with IHC standard components. Owned by Hyundai Engineering & Contsruction

Console de dragagem, modernos sistemas integrados num só lugar

Console de dragagem, modernos sistemas integrados num só lugar

Dredge track presentation system (DTPS)

Dredge track presentation system (DTPS)

 

Já existem simuladores para treinamento de operadores de dragagem e navegação, estes simuladores encontram se em algumas partes do mundo, como China, EUA, Grã Bretanha, e em profusão nos Países Baixos que de longe lideram o segmento mundial de dragagem.

Empresas

As maiores empresas de dragagem do mundo estão localizadas nos Países Baixos, porem nos EUA, China e outros países também há grandes empresas.
Entre as líderes podemos destacar:

  • Royal Boskalis
  • Jan De Nul
  • Van Oord
  • Deme

Todas acima são “batavas”, porem entre as grandes fora dos Países Baixos, destacam se as chinesas CDGC, e CHEC Group, também a estatal norte americana Great Lakes Dredge.

Brasil

No passado distante (1963), o Brasil chegou a ter uma respeitável frota de dragas hopper, não era grande mas eram modernas para época, com o fim dos investimentos estatais devido a falência do estado, e juntando a má administração, excesso de empregados, e fatores políticos, levaram a empresa de economia mista CBD – Companhia Brasileira de Dragagem, ser liquidada, e seus ativos leiloados. As duas principais dragas, com tecnologia holandesa IHC, foram anos depois adquiridas pelo grupo Dragaport, porem com o fim dos incentivos ao setor que já vinha pelas pontas desde governos anteriores, levou ao encerramento das atividades da empresa.

Hoje as duas maiores dragas hopper que já foram brasileiras, pertencem ao grupo americano Great Lakes Dredge . São elas as hopper “Reem Island” e “Noon Island” (antigas dragas “Macapá” e “Boa Vista I”), cada uma delas com capacidade para 5600 mt³ e 6000HP, hoje em dia operam em contratos internacionais da Great Lakes Dredge.

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Fonte: Blog Mercante

 

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