40º Encontro Nacional da Praticagem reúne profissionais e reforça importância da profissão que atrai divisas para o País
Há mais de 200 anos, a Praticagem do Brasil é a atividade que garante a condução segura de navios nos portos marítimos e estuários dos rios brasileiros, pautada sempre pela excelência dos serviços, elevados índices de segurança, alta capacidade técnica dos práticos e defesa dos interesses da sociedade brasileira. Promovido pelo Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), o 40º Encontro Nacional da Praticagem reúne cerca de 200 convidados de todo o país.
Responsável por garantir a segurança da navegação no acesso aos portos em todo o mundo, a praticagem, uma atividade essencial e privada, envolve um universo de 12 mil trabalhadores diretos e indiretos. No Brasil existem hoje 22 zonas de praticagem e um total de 511 homens e 12 mulheres aptos a conduzir as embarcações nacionais e internacionais. Só no Ceará, há 13 práticos, duas entidades de praticagem e uma equipe de quase 50 profissionais garantindo a infraestrutura de operação e administrativa para garantir a segurança e eficácia nas quase duas centenas de manobras realizadas por mês nos dois portos, Mucuripe e Pecém. O serviço atrai divisas para o País quando exporta serviço qualificado para os Armadores estrangeiros que aportam no Brasil, concomitantemente gerando significante número de empregos diretos e indiretos.
Além de abordar temas como o novo canal do Panamá, segurança e eficiência nas manobras, tecnologia para ampliar os limites de portos, o encontro discutirá também a agenda institucional do Conapra, como a defesa para que a Praticagem do Brasil continue mantendo sua independência em relação aos armadores, aos portos e também uma independência em relação à própria dragagem e o próprio projeto do canal de acesso. Isso devido ao nível de conhecimento e a perícia exigida do Prático para gerenciar os riscos inerentes a cada manobra, além de defender a solução para o problema da judicialização, uma vez que não há representante legal das grandes corporações internacionais de armadores no país.
Temas voltados à excelência da Praticagem brasileira
Dentre os temas que serão expostos ao longo da programação, destacam-se: a apresentação da Autoridade Marítima Brasileira, Vice-Almirante Wilson Lima Filho – Diretor de Portos e Costas sobre o “Papel da Autoridade Marítima Brasileira”; “Análise de manobrabilidade para o novo canal do Panamá”, com José Mario Santos Calixto e Sergio Hamilton Sphaier, da Fundação Homem do Mar; o tema “Rebocadores de porto – segurança e eficiência nas manobras”, será abordado pelo representante do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), professor Doutor Édson Mesquita.
A programação segue com o tema “Técnicas avançadas para avaliação da eficiência de rebocadores e dimensionamento de bollard-pull”, apresentado por Eduardo Tannuri, da Universidade de São Paulo (USP). Representando a seara internacional, o evento receberá o presidente da European Maritime Pilots Association (EMPA), Miguel Vieira de Castro, que falará sobre a atuação da EMPA junto ao Parlamento Europeu nos assuntos de Praticagem. Para finalizar, o representante da Praticagem do estado de São Paulo, Prático Claudio Paulino Costa Rodrigues, abordará o “Redraft – Precisão e Tecnologia para ampliar os limites do Porto de Santos (SP), o maior do país”.
Dragão do Mar: primeiro exemplo da praticagem brasileira na defesa do interesse público
Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, iniciou a vida como jangadeiro, tornando-se prático-mor em 1874 no Porto do Mucuripe, e teve participação essencial no movimento que levou o Ceará a ser a primeira província no país a proclamar a libertação dos escravos, quatro anos antes da Lei Áurea da princesa Isabel. Integrado ao movimento abolicionista, Chico da Matilde liderou os práticos na recusa de embarque de escravos em Fortaleza para serem vendidos no resto do país.
Sobre o Conapra
O Conselho Nacional dos Práticos (Conapra) é uma associação profissional, sem fins lucrativos, que congrega os Práticos brasileiros, tendo por finalidade representá-los junto a todas às Autoridades Governamentais e entidades representativas de setores do meio marítimo nas questões ligadas às praticagens. O órgão também é responsável por realizar as inspeções e laudos periciais necessários à homologação de lanchas de praticagem, promover homologação da habilitação operacional de suas tripulações e a homologação das Atalaias. No campo internacional o Conapra é associado da IMPA, International Maritime Pilots’ Association, exercendo uma das Vice-Presidências desta associação internacional. É reconhecido pela Autoridade Marítima como Órgão de Representação Nacional de Praticagem, possuindo as tarefas específicas previstas nestas Normas e em outros documentos emitidos pela DPC.
Fonte: Terra