Elas marcam presença na atividade portuária
Um mercado considerado predominantemente masculino até alguns anos atrás, a atividade portuária conta cada vez mais com mulheres atuando em diversos setores, não só na área administrativa como também operacional e técnica.
Apenas na Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), 54 mulheres integram o quadro de colaboradores nas mais variadas funções. A engenheira civil Érica Chin Lee, aos 29 anos, chefia a Divisão de Engenharia da Appa. Ela conta que, apesar de encontrar dificuldades de aceitação em algumas situações – pelo fato de ser mulher e ocupar uma função de chefia -, o desafio diário é compensador. “Gosto muito de trabalhar em equipe e na área de engenharia os homens são predominantes, práticos e diretos. No entanto, as minhas ideias não são aceitas com a mesma facilidade que são aceitas as ideias de um homem, por exemplo”, relata Érica.
Ela diz ter aprendido que o reconhecimento do seu trabalho está diretamente ligado à sua capacidade técnica e à habilidade de lidar com as situações: “Coloco a mão na massa, vou ao cais do Porto, acompanho e fiscalizo obras e não posso demonstrar fraqueza e nem frescura. Aos poucos as mulheres estão ganhando espaço e respeito neste setor. A minha nomeação como chefe de engenharia comprova isso”.
Única na baía
Vanessa das Graças Moraes, de 33 anos, é a única mulher que atua na profissão de prática na baía de Paranaguá. Ela integra um time formado por 15 mulheres em um universo de 700 práticos em todo o Brasil.
Prático é o profissional – autônomo que presta serviço obrigatório, regulamentado pela Marinha do Brasil – e que orienta o comandante da embarcação para rotas seguras de navegação, nas manobras de entrada ou saída de portos, bem como a atracação e desatracação dos navios. Nunca houve restrições para o ingresso de mulheres, mas, talvez, por causa das especificidades da profissão, o interesse do público feminino, até então, tenha sido menor.
Filha de lavradores e nascida em Altônia, no Paraná, Vanessa conta que entrou na profissão motivada pelo desejo de trabalhar no mar. Aos 18 anos ingressou na escola de oficiais da Marinha Mercante, formou-se e navegou durante quatro anos a bordo de um navio tanque, com 278 metros e carregado de óleo. Em 2012, Vanessa passou no concurso para se tornar Prática no Rio Grande do Norte. Dois anos mais tarde, na tentativa de ficar mais próxima da família, fez o concurso para praticagem em Paranaguá e, novamente, passou.
Desde 2015 comandando manobras no segundo maior porto do Brasil, Vanessa diz que o principal desafio da profissão é eliminar o preconceito existente. “Muitas pessoas acreditam que uma mulher não pode exercer este tipo de atividade ou não tem capacidade para a função”, afirma Vanessa.
Ela conta que, cada vez que sobe em um navio, é possível perceber a preocupação do comando em relação ao seu desempenho profissional. “Sinto que, antes de executar o trabalho, há aquela dúvida sobre a eficiência e a segurança da manobra que vou executar.”
Para as mulheres que têm o sonho de se tornar uma Prática, Vanessa lembra que não existe legalmente nenhum impedimento para o ingresso do público feminino na profissão. “É uma profissão peculiar porque é muito dinâmica. Em cada manobra existem diferentes variáveis, entre elas, as condições climáticas, fatores operacionais do próprio navio, o cenário da navegação, entre outros. No entanto, as mulheres podem desempenhá-la com louvor”, enumera Vanessa.
Fonte: O Paraná