Nova norma amplia capacidade operacional de portos no Brasil
A entrada em vigor de uma nova norma técnica para os portos brasileiros permitirá mais segurança de suas atividades e, principalmente, a ampliação de sua capacidade operacional, ao possibilitar que recebam navios com maiores dimensões. E o Porto de Santos está entre os primeiros do País a se preparar para esta nova realidade.
A análise foi feita por especialistas no setor reunidos no seminário Técnicas modernas de projeto de acessos náuticos com base na norma ABNT NBR 13246 2017, realizado nos últimos dois dias na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), na Capital. O evento foi organizado pelo laboratório Tanque de Provas Numéricas (TPN), da Politécnica, e pelo Conselho Nacional de Praticagem (Conapra).
Entre terça-feira (07) e quarta-feira (08), pesquisadores de todo o País, engenheiros, práticos e autoridades da Marinha do Brasil debateram os impactos da nova versão da Norma Técnica n°13246, publicada em 31 de julho passado. O texto estabelece critérios para o planejamento dos acessos náuticos aos portos. Essa segunda edição tem 149 páginas. A primeira, de 1995, nove.
“Agora temos um regramento atualizado, que leva em consideração as novas dimensões e os vários tipos de navios que escalam nos portos e as novas tecnologias utilizadas, por isso mais amplo e flexível. Está menos conservativo”, explicou o professor Edson Mesquita, do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga) da Marinha.
Segundo o especialista, a nova versão da norma considera os avanços tecnológicos dos navios, especialmente a melhora de sua manobrabilidade. Assim, ao se reavaliar a capacidade de um porto de receber cargueiros, é possível reduzir critérios de segurança, ou compensar esses cuidados com outras medidas, e permitir a vinda de embarcações maiores. “Hoje, temos uma maior abertura para adotar outras medidas de segurança”.
“Com uma norma que considera os avanços tecnológicos atuais, os portos podem aumentar seu limite operacional. Podem receber navios maiores adotando cuidados como aumentar o número de rebocadores ou restringir a navegação ao dia”, apontou o professor Eduardo Aoun Tannuri, coordenador de Projetos e do Centro de Simulações do TPN, da USP.
O pesquisador também destaca que a norma mudou as regras para a elaboração do projeto de um acesso náutico portuário. Antes, este era um trabalho de engenheiro civil, analisado depois por outros especialistas. “Agora, é um estudo mais holístico. O engenheiro trabalha ao lado do meteorologista, do oceanógrafo, do prático (profissional que assessora o comandante do navio na navegação na área de um complexo marítimo) e ainda do analista de risco. Agora, devem ser feitas simulações. E tudo acompanhado, coordenado pela Marinha. O processo fica mais complexo, até demora mais. Porém, o trabalho final garante uma maior segurança”, explicou.
Segundo Tannuri, um dos primeiros portos que está reavaliando a capacidade de seu canal de navegação com base na nova versão da norma é Santos. O trabalho é feito pela própria equipe da Politécnica, contratada para a tarefa no ano passado a fim de pesquisar quais os maiores cargueiros que podem escalar em Santos.
Participante do seminário, o ex-presidente da Praticagem de São Paulo Cláudio Paulino Rodriguês destacou os impactos da nova regra para o cais santista. “A nova norma amplia as possibilidades e torna sua operação mais segura. É uma ótima notícia”.
Fonte: A Tribuna