Praticagem inova por segurança

A praticagem é atividade fundamental para garantir segurança no trânsito de embarcações em zonas portuárias. O presidente da Praticagem do Estado de São Paulo, Claudio Paulino, fala da evolução do setor para aprimoramento de desempenho nesta entrevista especial ao Portogente.

Portogente – O prático é imprescindível às manobras de navios e a cada dia surgem novas tecnologias para atender as mudanças na navegação. Quais os recentes investimentos feitos em formação e qualificação no serviço de praticagem?
Claudio Paulino – Realmente, o prático é profissional imprescindível nas manobras de navios e na navegação em águas restritas em qualquer parte do mundo.
Desde o princípio da navegação é assim e essa presença é cada vez mais necessária, uma vez que os navios crescem continuamente em dimensões, enquanto as condições geográficas permanecem as mesmas. Então, a bem da economia do País, é fundamental que os recursos portuários sejam otimizados.
A Praticagem de São Paulo faz sua parte e hoje é a mais moderna do Brasil e uma das mais modernas do mundo graças ao investimento que fez para ter uma excelência tecnológica ao lado do constante aprimoramento profissional, conseguido com cursos nas mais respeitáveis instituições que cuidam desse setor, como Port Revel, na França, que treinam práticos e comandantes de navios do mundo inteiro.

Portogente – Além do Redraft, quais as inovações em tecnologia que a Praticagem de São Paulo adotou para garantir manobras mais seguras nos portos de Santos e São Sebastião?
Claudio Paulino – A Praticagem de São Paulo tem uma característica que muito nos orgulha de implementação de aprimoramentos ao longo de sua história.
Foi assim com as lanchas de fibra, com a adoção do AIS, etc. O Redraft faz parte desse contexto de aprimoramento e não seria possível sem os investimentos anteriores na instalação do Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego (C3OT). É o mais moderno do país e fornece em tempo real informações imprescindíveis para a movimentação de navios cada vez maiores. Essas informações dão maior segurança às manobras e permitem a manobra de navios nos limites determinados pela Autoridade Marítima. A proatividade da Praticagem, o aprimoramento profissional dos Práticos, a disponibilidade de dados oceanográficos e meteorológicos em tempo real e a eficiente coordenação do tráfego no Canal realizada pelo C3OT possibilitaram que navios de até 336 metros de comprimento frequentem o Porto de Santos, com impacto positivo no volume transportado. Vale lembrar que, em média, cada 10 cm a mais de calado representa cerca de 1.000 toneladas a mais de carga transportada.
Em São Sebastião, guardadas as devidas proporções, já está sendo implementado sistema com recursos similares.

Portogente – Qual a avaliação dos primeiros dias de utilização do sistema Redraft?
Claudio Paulino – É importante ressaltar que, antes do lançamento oficial, o ReDraft foi testado e aprimorado por vários meses. Como esperado, ele tem possibilitado informações mais precisas à Praticagem, garantindo maior segurança e eficiência nas manobras. Com o ReDraft, mais uma vez, a Praticagem de São Paulo atua para ampliar os limites do Porto, preservando a segurança das embarcações, do meio ambiente e da comunidade.

Portogente – O aperfeiçoamento da praticagem é fator de competitividade na atividade portuária. O sistema Redraft foi desenvolvido no Brasil e é inédito no mundo. Há portos nacionais interessados em conhece-lo?
Claudio Paulino – Como foi dito, a eficiência da Praticagem garante maior produtividade para um porto e é natural que os portos brasileiros evoluam tecnologicamente. O ReDraft é uma tecnologia inédita encomendada pela Praticagem de São Paulo à empresa Argonáutica em conjunto como Tanque de Provas Numérico da Universidade de São Paulo. Mas não tem condições de funcionar sozinho, pois se alimenta dos dados fornecidos em tempo real pelo C3OT. Temos recebido visitas de vários representantes de outras Praticagens brasileiras, que têm demonstrado interesse em implantar sistemas similares.

Fonte: Portogente